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Em 07 de Abril de 2021 às 17:29
Humberto ataca projeto fura-fila de empresários e promete derrubá-lo no Senado

Médico e ex-ministro da Saúde do governo Lula, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou duramente o Projeto de Lei nº 948/2021, que permite a compra de vacinas contra a Covid-19 por empresas privadas, aprovado na noite dessa terça-feira (6) pela Câmara dos Deputados. O parlamentar chamou a proposta de "excludente e equivocada" e disse que, numa grande articulação, espera derrubá-la no Senado.

Com 317 favoráveis, 120 contrários e duas abstenções, os deputados autorizaram que uma lei aprovada no mês passado fosse flexibilizada para que empresas possam se apropriar de metade dos imunizantes comprados, sem a necessidade de transferi-los ao Sistema Único de Saúde (SUS), e sem precisar esperar a vacinação dos grupos mais vulneráveis. Na prática, a cada 100 doses compradas por uma empresa, 50 podem ficar com ela, que terá o direito de imunizar um diretor seu de 25 anos antes mesmo que uma pessoa de 60 anos seja vacinada pelo SUS.

"Essa proposta é escandalosa. Com ela, o Brasil cria uma segregação por renda, em que os mais pobres só serão vacinados depois dos mais ricos, independentemente de terem fatores de risco. É inaceitável. O governo tem a obrigação de comprar as vacinas para todos os brasileiros sem exceção. Essa prática de abrir para compras privadas só existe em alguns países da Ásia. Nem os Estados Unidos, pátria do liberalismo e do livre mercado, autorizam algo tão indecente", disse o senador.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto promete uma ampla articulação política e com setores sociais para derrubar a medida, que vai à votação na Casa nos próximos dias. "Estamos no pior momento da pandemia. Mais de 4 mil pessoas morreram em 24 horas. Uma pessoa a cada 20 segundos. O Brasil já responde por 27% dos óbitos do planeta. Como é que, num quadro desse, nós dizemos a empresários que procurem vacinas pelo mundo, comprem e façam um calendário próprio, passando por cima do SUS? Isso é um absurdo e nós vamos lutar no Senado para que esse projeto seja derrotado", afirmou.

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