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Em 11 de Janeiro de 2020 às 07:25
Incêndios: 22 milhões de hectares da Amazônia ameaçados

O Globo - Por Renato Grandelle e Rafael Garcia

Um novo estudo mostra que o ressecamento da Amazônia, impulsionado pela crise do clima e agravado pelo desmatamento, pode deixar uma vasta porção da floresta vulnerável a incêndios. No pior cenário, retroalimentado pelo fogo, nos próximos 30 anos a mata passará a emitir mais CO2 do que absorve.

Segundo o trabalho, liderado pelo cientista climático Paulo Brando, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a área mais vulnerável é o sudeste da floresta. Em estudo publicado nesta sexta-feira na revista Science Advances, ele projeta que 22,3 milhões de hectares podem ser queimados até 2050, emitindo 17 gigatoneladas de CO2. Essa área representa 16% da cobertura florestal do sul da Amazônia, a região estudada.

Brando diz ter ficado surpreso com os resultados da simulação, baseada num cenário inercial no qual o desmatamento e as emissões de CO2 continuam no mesmo ritmo no futuro. Ele alerta que, nesse contexto, as queimadas usadas para limpeza de terreno na agropecuária representam um risco cada vez maior de desencadear incêndios fora de controle.

— Enfrentaremos muitos problemas se continuarmos com a política do fogo — diz o cientista, que também é professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade da Califórnia em Irvine. — Teremos mais estiagens e, por isso, uma demanda hídrica acentuada, além do aumento da temperatura.

O estudo foi realizado para criar melhores projeções de emissões futuras de CO2, porque métodos usados hoje não levam ainda em conta os dados de incêndios florestais, e subestima sua contribuição para os gases-estufa.

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