logo
Em 10 de Agosto de 2020 às 16:43
CHICÃO XUCURU É PATRONO DOS POVOS INDÍGENAS DE PERNAMBUCO

Lei do deputado Isaltino Nascimento homenageia o defensor da luta dos povos originários no Estado. Cacique Chicão foi assassinado em Pesqueira por defender o direito à terra 

A maior liderança indígena do Estado, Chicão Xucuru, é patrono dos povos indígenas de Pernambuco. O cacique marcou sua história de vida na luta pelas terras do território de seu povo, localizado entre os municípios de Pesqueira e Poção, e foi assassinado por isso. Não cedeu aos posseiros da região e recebeu seis tiros à queima roupa em 20 de maio de 1998. 

Como forma de homenagear Chicão e todo a população Xucuru, o deputado Isaltino Nascimento propôs a lei que o torna defensor dos povos originários de Pernambuco. “Chicão esclareceu os direitos indígenas e fez da luta pela terra o seu maior legado. Hoje o território Xucuru ocupa atualmente 27.555 hectares e tem seu filho, o cacique Marquinho Xucuru, a liderança maior e protetor”, explica Isaltino. “Marquinho segue os passos do pai. Assumiu a responsabilidade muito jovem e dá continuidade ao trabalho importante”, destaca o deputado.  

Os índios Xucuru vivem na Serra de Ororubpa, em 25 aldeias. São cerca de 9 mil índios, segundo os dados da Fundação Nacional de Saúde de 2006, que vivem em sua maioria de atividades agrícolas.

A HISTÓRIA DE CHICÃO - Francisco de Assis Araújo, Chicão nasceu no sítio Cana Brava em 1950. O local fica no meio do atual território Xukuru, que está inserido nos municípios de Pesqueira e Poção, em Pernambuco, a 216 km de Recife. A terra indígena, na época em que Chicão nasceu, estava em sua maior parte ocupada por não indígenas.

Casou-se em 1970 com Zenilda Maria de Araújo, com quem teve oito filhos.

A partir de 1987 as lideranças Xukuru passaram a participar de manifestações em conjunto com ongs que objetivavam esclarecer direitos indígenas, principalmente em relação a terra, em função da mobilização pela nova Constituição que estava sendo gestada. A Assembléia Nacional Constituinte, finda em 1988, foi um momento marcante para o movimento indígena. 

O Cacique Chicão era uma pessoa de carisma junto ao grupo, tinha respeito e confiança diante do trabalho, era figura alegre e recebia crianças a velhos com a mesma atenção. Tinha um respeito grande com os Encantados e a religião Xukuru. Os índios foram depositando cada vez mais confiança na figura que se fortalecia através de ações que solidificavam o respeito pelo trabalho.

Com o crescimento da violência contra os índios por parte dos posseiros de terras, Chicão e as demais lideranças começaram a receber ameaças em 1996 para que parassem o movimento de luta pela terra. Foi em 1998 que Chicão recebeu seis tiros ainda dentro do carro que havia recebido da Funai há poucos dias, em Pesqueira.

Rede Pernambuco de Rádios