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Em 05 de Abril de 2020 às 07:59
Secretário: momento não é de flexibilizar isolamento

O Globo - Leandro Prazeres

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, disse que não é o momento para a flexibilização do isolamento social daqueles que podem ficar em casa imposto a cidades de pequeno e médio porte com poucos casos do novo coronavírus. A medida é estudada pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo Gabbardo, o Brasil ainda não estaria preparado para tomar medidas nessa direção.

— Não (é o momento). O momento está muito claro em todas as falas do ministro (Henrique Mandetta). O momento vai ser quando nós estivermos mais fortes. Quando nós tivermos conseguido trazer esses equipamentos que estamos importando, os equipamentos de proteção individual que estamos importando e distrbuir isso para os estados e municípios. Aí, sim, vai ser o momento de discutirmos essa questão — afirmou Gabbardo.

A flexibilização das medidas de isolamento nessas cidades vai na linha do que defende o presidente Jair Bolsonaro, que é contrário às medidas restritivasl imposta em diversos estados para diminuir a velocidade de propagação da epidemia do novo coronavírus. A ideia seria liberar partes do país que registrem menos casos confirmados e mortes pela doença. 

Segundo o último levantamento divulgado pelo governo, o Brasil tem 432 mortes por Covid-19 e 10.278 casos registrados.

Transição

Gabbardo disse que é necessário que o governo federal, estados e municípios discutam de forma conjunta medidas de flexibilização do isolamento social, mas somente quando o governo estiver seguro em relação à estrutura de equipamentos e pessoal para enfrentar uma eventual subida no número de casos da doença.

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O secretário voltou a defender as medidas de isolamento social e disse que o fato de Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal estarem em transição para o estágio de aceleração descontrolada dos casos não significa que a estratégia adotada pelos governos estaduais tenha falhado. Segundo ele, se essas medidas não tivessem sido tomadas, o cenário poderia ser ainda pior.

— Talvez, se não tivessem feito isso, seria muito pior. A gente não imagina qual seria o cenário se no Rio ou em São Paulo não tivesse sido implementado políticas de distanciamento social mais fortes como oram implementadas. Pelo contrário, podemos imaginar que teria sido muito pior — afirmou.

São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas são os estados que, segundo o Ministério da Saúde, estão na transição para estágio de "aceleração descontrolada" doença, quando as autoridades não são capazes de prever o aumento no número de casos e de mortes.

Gabbardo fez questão de dizer que nenhum deles está, neste momento, nessa fase, mas afirmou que isso pode ocorrer nas próximas semanas.

Respiradores

O secretário-executivo disse ainda que, apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo para providenciar leitos de UTI para o enfrentamento da Covid-19, o Ministério da Saúde fechou um contrato para a compra de 15 mil respiradores mecânicos com um fornecedor da China e outros 17 mil respiradores fabricados por empresas nacionais.

Segundo Gabbardo, caso a compra se concretize, as primeiras remessas dos respiradores chineses devem começar a chegar ao Brasil em 15 dias e, a partir de então, haverá remessas semanais dos equipamentos. No caso dos respiradores produzidos no Brasil, a ideia é que eles também sejam entregue semanalmente.

Gabbardo afirmou que governo vai mudar o critério de distribuição dos respiradores adquiridos pelo governo. No início da epidemia, os equipamentos foram distribuídos com base na população de cada estado. Agora, o governo pretende enviar os equipamentos de acordo com a demanda causada pela Covid-19.

— Não vamos mais distribuir como foi feito anteriormente, num cálculo per capita para todos os estados. Vamos ficar com esses respiradores no nosso almoxarifado e vamos colocar esses respiradores onde ocorrer efetivamente a necessidade. Ele vai pra um determinado local onde o leito está sendo necessário e a capacidade instalada chegou perto do seu limite e vai ficar lá até que diminua esse volume — afirmou.

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